quinta-feira, 29 de março de 2007

Te Mataré Ramirez


Já tinha ouvido falar do Te Mataré Ramirez, um restaurante afrodisíaco de razoável renome em Buenos Aires. Numa quarta-feira de tédio, após oitocentos e vinte e cinco dias de filé de merluza com purê, eu e Bobbita resolvemos nos aventurar por esse mundo oculto... Liguei para o lugar e me disseram que ainda conseguiriam reservar uma mesa.

Chegamos ao lugar e realmente estava cheio. Uma agradabilíssima surpresa foi o serviço, especialmente quando se leva em conta o panorama geral do serviço dos restaurantes argentinos, que é bastante baixo. Durante todo o tempo em que estivemos lá, não nos sentimos deixadas de lado por um momento.

O restaurante tem um atmosfera... erótica. Não tem como expressar em outra palavra. Luz baixa, praticamente só das velas das mesas. Quando você entra, leva um certo tempo para se acostumar à luminosidade. Mesas de dois lugares. Praticamente só casais. Música ambiente de bom gosto: bossa, lounge... O cardápio apresenta ilustrações pra lá de quentes, com textos de Isabel Allende.

Nos sentamos em uma mesa para duas pessoas, eu em um sofá de veludo vermelho
e a bobbita em frente. na mesa, a programação do mês, que inclui shows sexo explícito de marionetes (esse foi hoje), tarot do amor, noites de jazz, música francesa, até aulas de strip dance para mulheres, oficinas de jogos eróticos... de um tudo. O show de marionetes eróticos não é só erótico... é uma gemeção que chega a abalar os nervos dos mais desavisados. Benzadeus. Mas é engraçado. Pra quem não se abala e consegue ver a graça da coisa.


Pedimos um malbec Finca los Alamos e para entrada um prato chamado Tu tormenta viril obriga a mi boca sorprendida, que consistia em trufas de coelho e gengibre envolvidas em massa filo e salpicadas com gergelim e pacotinhos de bacon tostado envolvendo queijo de cabra, com concassê de tomate e coentro. Realmente o concassê passou longe, mas o prato estava delicioso. O bolinho de coelho com massa filo estava dalicioso, suave, contrastando com o sabol do bacon com queijo de cabra, que também estava sequinho e crocante. Ainda veio um umeboshi (ou algo do gênero, porque estava tao escuro que esses pequenos detalhes passam meio despercebidos.


Para o prato principal, fui na sugestão da Bobbi, que já tinha ido ao restaurante, e pedi Me entregué a un goce deliciosamente vulgar, que era um tagliatelle meio oriental, salteado com legumes e molho oriental, acompanhado de rolls de salmão e pimentões. A apresentação do prato foi interessante, pois o tagliatelle veio em uma cesta crocante de parmesão, uma coisa deliciosa, apesar de se sobrepor levemente ao prato, que tem um sabor mais delicado. O tagliatelle estava no ponto, os legumes também... uma delícia... os rolinhos de salmão, por sua vez, ficaram meio perdidos. Vieram empanados, perdidos ao lado da cesta e ninguém sabia direito o que eles foram fazer aí. Mas no geral, o prato foi bastante satisfatório. A apresentação poderia ser melhor, mas também no escuro, com aquele monte de gente no foreplay, sei lá se importa tanto. O casal do lado também pediu pratos bonitos, informa a pequena bisbilhoteira da Estrela. Para sobremesa, eu pedi um tiramisu com peras ao malbec, que poderiam estar menos doces, e a Bobbi pediu profiteroles, que não estavam incríveis, mas tudo bem. O restante estava mais que satisfatório.

Em suma, vale a pena. Chicks will love it. Custa mais caro que a média (gastamos 200 pesos em duas pessoas, com vinho mediano, entrada, prato principal, sobremesa e água), mas ainda é barato para padrões paulistanos. E não leve a sua avó. Ela pode não achar tanta graça.

Te Mataré Ramirez
Paraguay 4062, Buenos Aires
54-11-4831-9156
www.tematareramirez.com

terça-feira, 27 de março de 2007

Must-haves de Buenos Aires - Parte 1



Cono de dulce de leche do Mc Donald's. Baratinho (ARS 1,50) e faz os seres humanos tão felizes. Textura incrível, sabor suave. Um must-have. Bobbita não vive sem.

sábado, 24 de março de 2007

Deep Blue


Estávamos eu e Bobita em busca de um lugarzinho bacana para comer algo, tomar um chopp e jogar uma sinuca, quando avistamos o Deep Blue. O lugar parecia bacana e um amigo nos havia indicado, então não pensamos duas vezes. Suportamente, haveria chopeiras individuais nas mesas, fato que encaramos com muita alegria.

O lugar é realmente bonito, com uma decoração interessante, com mesas de sinuca novas, tacos novos, tudo personalizado, uma belezinha. Decidimos então iniciar os trabalhos. Neste momento, de canecas em punho, nos deparamos com o primeiro problema: as chopeiras não funcionavam às quartas, apenas a partir de sexta-feira. Macambúzias, baixamos nossas canecas e aceitamos os chopps regulares.

Depois optamos por besteirinhas, pois todos merecemos encher a cara de carboidratos aqui e ali. Pedimos então as batatas fritas top secret, cujo segredo será revelado aqui, meus amigos, e uma porção de nachos.


As batatas estavam boas, secas e frescas, com um molho especial que trazia um pouco de creme de leite (a crema entera, super popular na argentina, principalmente como base para molhos), caldo de carne, ervas e um pouco de pimenta.



Os nachos estavam incríveis, sequinhos, quentes e bem recheados, com pimentão, sour cream, tudo o que tínhamos direito. Muito bom realmente.

O problema foi subestimarmos o preço dos chopps. Caríssimos, a 12 pesos o copo, nos fizeram deixar a bagatela de 170 reais no local. Nem foram tantos chopps, mas em compensação, fichas de sinuca... ah, essas nos levaram à falência. As mesas na argentina têm as caçapas americanas, maiores, o que fez com que nossas partidas durassem poucos minutos. E cada partida custava quase 7 pesos, um absurdo para os padrões argentinos (eu e a Nina tivemos uma experiência insólita em uma sinuca com fichas a 2 pesos). Conclusão: saímos alimentadas, meio breacas e muito assustadas com a proporção que o chopp e a sinuca podem tomar por aqui.

Deep Blue
Ayacucho, 1240
Barrio Norte
www.deepblue.com.ar