domingo, 20 de maio de 2007

Retiro do pescador

Algumas cidades possuem tradições culinárias, o que não é o caso de Brasília. Eu vivi lá. Há 15 anos, não havia rúcula no mercado. Obviamente, com o avanço dos transportes, e da própria cidade, as coisas mudaram bastante. Hoje a cidade possui várias opções de restaurantes e bares, que ainda pecam pelo serviço, muitas vezes lento e irritantemente amador, mas algumas coisas compensam. Uma delas é a comina nordestina em geral. Em Brasília é possível encontrar restaurantes (até pequenas cadeias) que servem uma competente comida nordestina, principalmente carne de sol. Outro destaque é a comida baiana, aqui bem representada pelo Retiro do Pescador.

O restaurante fica à beira do Lago, em um lugar simples, porém agradável. O lugar tende a ser um pouco barulhento, mais pela construção em si do que por qualquer outra coisa. No dia em questão, havia nada menos que uma festa com DJ, palco e música EN-SUR-DE-CE-DO-RA para irritar quem estivesse comendo. Aparentemente, o restaurante não tinha nada a ver com o problema, a música ou o DJ, o que não impediu várias pessoas de irem embora. Eu não. Permanecemos impávidos, porque esperávamos a estrela do dia: a moqueca de siri.

Essa é um caso à parte. A porção serve generosamente 3 pessoas e acompanha arroz, farofa de dendê e pirão (ainda vou escrever um post sobre a inutilidade do pirão, que normalmente é uma pasta marrom que não tem gosto absolutamente de nada). Éramos 7 pessoas -boas de garfo- e pedimos uma moqueca e meia de siri e uma de camarão (meus sobrinhos são alérgicos a siri). Pedimos ainda uma porção de vatapá. As moquecas chegam fumegando em panelas de barro, espalhando aquele cheiro incrível e atiçando a lombriga da galera. O vatapá decepcionou um pouco, meio mole demais, um pouco oleoso além da conta. A moqueca, divina. Eles servem uma pimenta forte, porém bastante aromática, que parece ter nascido pra ela.

A moqueca de camarão também estava boa, com camarões grandes, mas não se comparava à de siri.

Depois de comermos, tivemos que sair correndo para fugir da música. Afinal, agora ninguém mais tinha fome (nem uns 30% da capacidade auditiva, que deve ter sido perdida com o barulho).

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